Eu gosto de escolas…
É verdade que a maioria das coisas que a gente aprende é inútil para a nossa vida prática. Por exemplo, eu estudei três anos de biologia e até hoje não sei como fazer respiração boca-a-boca. Aprendi a resolver exercícios de eletricidade, mas, quando eu paro para pensar, o que diabos seria essa “eletricidade”? Muito abstrato… Sei todas as funções orgânicas, mas não sei fazer um bolo de chocolate. Reconheço as deficiências estruturais desse nosso Brasilzão, mas minha tarefa de casa não é ir as ruas e ajudar os outros, é estudar para jogar essa minha conciência crítica numa prova de papel.
Devo, de acordo com as normas, passar no vestibular para me inserir no mercado de trabalho e obter estabilidade financeira. Não só eu, como muitas outras pessoas iguais a mim- o mercado hoje está escasso, poucas vagas, exigindo cada vez mais conhecimentos específicos. Desta forma, as melhores escolas são aquelas que conseguem aprovar mais alunos no vestibular, e os melhores alunos são aqueles que mais estudam.
Os diretores e coordenadores, de cabeça erguida, mostram orgulhosos seu colégio para alguns pais, dizendo que “Aqui nossa escola é muito exigente. Apertamos o aluno ao máximo”. Os pais aplaudem, concordando longamente com o pescoço. E, infelizmente, alguns filhos, alunos, concordam com tudo isso…
Todos acham que existe educação, mas ela não existe nas escolas de ensino médio. Talvez exista, mas em grau muito pequeno… Ainda há muito o que aprender sobre a arte de educar.
Mas, como eu disse no início, eu ainda gosto de escolas e tenho esperança de que, um dia, elas possam melhorar. E algo que me motiva muito é a Escola da Ponte, lá de Portugal, mostrada para nós brasileiros em textos do Rubem Alves.
Essa é uma escola mágica, diferente de todas que vocês possam imaginar… Lá, os alunos discutem sobre os problemas da sociedade, e resolvem enfrentá-los, reunindo em grupos, desenvolvendo trabalhos… Os mais velhos, lá, ajudam sempre os mais novos. Não existem salas de aula, dividindo os alunos em “níveis”, todos trabalham num salão gigantesco, reunidos por grupos de interesse. Os professores não posicionam-se na frente de um quadro, sempre os donos da verdade, não… Eles auxiliam os alunos, como os mestres auxiliavam os artesãos na Idade Média.
Mas eu não vou falar mais nada. Se vocês quiserem conhecê-la, é só clicar aqui. São seis textos sobre a Escola da Ponte, e eu aconselho vocês a lerem todos (é só ir lendo devagarzinho, lê o primeiro, depois o segundo, daí no outro dia lê o terceiro, e assim vai…), porque é algo fantástico.
Acho que, para ter êxito, a educação deve ser baseada no amor.